Em Efésios 4:4-6 lemos: “Há um
só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da
vossa vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos,
o qual é sobre todos, e por todos, e em todos.” Nós vemos aqui no versículo
5, um só Senhor, mas que Senhor é este? É o Senhor Jesus. Uma só fé,
que fé? A fé cristã. Um só batismo, que batismo? Não está falando da
forma do batismo, se é embaixo de água, com muita ou pouca água. Está falando
do batismo, o batismo cristão. O que Deus está olhando hoje e vendo é que
existe um só Senhor que é reconhecido, o Senhor Jesus, uma só fé, a fé cristã,
um só batismo, o batismo cristão. É isso que está conectado com as coisas de
Deus. A fé sempre correspondeu, sempre esteve em harmonia com aquilo que Deus
pensa. Se temos fé em algo que está em conformidade com a Palavra de Deus,
então podemos esperar em Deus por uma resposta, por um socorro naquilo que
precisamos. Essa fé não é algo que se corre atrás para conseguir, ela vem de
Deus e, se temos falta de fé, devemos pedir a Deus que Ele nos dê. Ao sentirmos
certa debilidade em compreender o que Deus tem em Seus propósitos, devemos
pedir a Ele, e Ele nos dará a fé necessária para entendermos.
Ainda no livro de Efésios 2:8-10
lemos: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de
vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos
feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou
para que andássemos nelas.” Encontramos
aqui a fé necessária para a salvação, a fé para entender o que Deus pensa
acerca de salvação. Somos salvos por graça e entendemos o que é graça de Deus,
por fé – e isto nós buscamos em Deus também, não é algo em que temos algum
mérito. O versículo 9 diz que não vem das obras, ou
seja, fé, salvação, graça, tudo vem de Deus, não parte nada de nós porque não é
no princípio de obras. Que privilégio termos um Deus que fez essa providência!
Quando o Senhor Jesus veio a este
mundo fazer a obra de Deus para a nossa salvação, Ele teve um tempo de vida
aqui neste mundo; o tempo do assim chamado Seu ministério foi cerca de 3 anos e
meio, pregando o evangelho do Reino, e todos que entenderam quem era Ele, foi
por fé que entenderam. Embora fosse Deus presente aqui na Terra, era a fé que
podia ver quem era aquela pessoa, e toda a ação do Senhor Jesus neste mundo somente
pela fé podia ser entendida. Aqueles que eram os Seus patrícios, os judeus, que
Ele mesmo chamou de irmãos, foram os primeiros a negarem o Senhor porque não
tinham fé para ver a manifestação do Messias, do Cristo. Tinham as Escrituras
que falavam do Cristo, tinham o testemunho dos profetas, tinham o testemunho de
João Batista, que esteve presente no meio deles e eles não se deram conta disto
porque não tinham fé. Então, se não há fé não adianta ver, não adianta ouvir.
Às vezes pensamos, ah, se eu pudesse
ver seria mais fácil, mas não é assim. Aqueles que estiveram com o Senhor, os Seus
próprios discípulos, Pedro, João, Tiago, Tomé e os demais que formavam os onze
- já que Judas não foi contado com eles como homem de fé, pelo contrário, foi
um traidor - eles só foram entender a preciosidade, quem realmente era o
Senhor, mais tarde. João diz: Aquele que é o Verbo nós vimos, contemplamos,
apalpamos com as nossas próprias mãos, concernente ao Verbo da vida. Só depois
que o Senhor foi glorificado e enviou o Espírito Santo para morar no crente, e
entre os crentes, é que eles realmente entenderam quem era aquela Pessoa que
tinha estado no meio deles. Digo isto porque às vezes nos enganamos achando que
se nós tivéssemos mais proximidade com as coisas de Deus, ou se víssemos algo
seria mais fácil, mas não é verdade. A fé vai além de visões, manifestações,
pois se fosse assim não seria fé. A fé é quando a pessoa crê naquilo que Deus
fala, no que temos escrito na Bíblia. E isto é graça de Deus, assim como o
Senhor veio aqui por graça, deu a Sua vida na cruz por nós porque não havia
ninguém que merecesse isto. A crucificação foi a prova de que o homem era
contra Deus. O Senhor Jesus não foi para a cruz com uma multidão chorando e
lamentando a sua morte na cruz, pelo contrário, Ele foi rejeitado.
No evangelho de Mateus fala que
Pilatos perguntou ao povo: “a quem queres que eu solte” e o povo
respondeu em alta voz: Barrabás. “E quanto a este, o Cristo?”
Existe uma versão que fala que eles pediram, clamaram que Ele fosse ‘urgentemente’
crucificado. Queriam-no, o quanto antes, crucificado. Então esse dia da
crucificação do Senhor, tão necessária para a nossa salvação, foi um dia em que
o homem mostrou o que realmente tinha no seu coração concernente a Deus. O Senhor Jesus foi rejeitado aqui, mas era necessário. Em Atos 3:17-19 lemos: “E
agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos
príncipes. Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus
profetas havia anunciado: que o Cristo havia de padecer. Arrependei-vos, pois,
e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham, assim, os
tempos do refrigério pela presença do Senhor.” Pedro chama de irmãos porque
eram israelitas como ele, e fala que fizeram por ignorância, mas essa
ignorância não quer dizer inocência, foi por causa da incredulidade deles, e
por isto ele fala arrependei-vos, se eles fossem inocentes não
precisariam se arrepender.
Tem um versículo em Romanos 11
que diz quase a mesma coisa que Paulo fala aos Efésios, que o princípio da
graça de Deus não é por obras. A graça não tem base em obras, graça é graça, e
se fizermos alguma coisa deixa de ser graça. Romanos 11:6 diz: “Mas, se é
por graça, já não é pelas obras; de outra maneira, a graça já não é graça.”
Como Paulo disse aos Efésios, se é no princípio das obras não é fé, não é
graça, não é salvação. Em relação à salvação, o princípio de Deus é no terreno
do divino favor, Deus é o autor de todas as coisas e o que precisamos é pedir a
Ele que nos dê fé para pensarmos e entendermos as coisas segundo o que Ele
pensa de nós, pecadores. Se fosse no princípio de obras, de eu fazer alguma
coisa, o Senhor Jesus não precisaria ter deixado a Sua glória, ter vindo a este
mundo em forma de homem, ter sido humilhado e ido para a cruz, como o nosso
substituto para receber o juízo de Deus que nós merecíamos. O Senhor Jesus na
cruz mostra quem realmente somos, e a necessidade de um substituto em nosso
lugar porque ‘o salário do pecado é a morte’, não só a morte física, é a morte
de estar destituído de Deus, que é a paga por sermos pecadores. Romanos 6:23
diz:"Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a
vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor."
Um lado da cruz diz que o salário
que tínhamos para receber de Deus, como pecadores, é o que o Senhor recebeu, a
morte. Ele foi feito pecado por nós, tomou sobre Si os nossos pecados, na cruz
Ele tomou o nosso lugar. Graças a Deus o versículo continua dizendo: "mas
o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus, nosso Senhor."
Este é o outro lado da cruz. O Homem que morreu na cruz não ficou ali. Ele foi
para a sepultura, ressuscitou dentre os mortos ao terceiro dia e é um homem
vivo, que vive para sempre diante de Deus. Se Cristo morreu pelos meus pecados
eu estou justificado diante de Deus e recebo de Deus todas as coisas que foram
dadas a Cristo. Por isto é que fala que “o dom gratuito de Deus é a vida eterna”,
também chamada de vida em abundância no evangelho de João. Eu recebo de Deus
aquilo que eu não mereço, a salvação é um dom imerecido, é uma dádiva de Deus,
uma graça de Deus, recebo tudo aquilo pelos méritos de Cristo, pois o meu
salário era a morte. Se for baseado em mim é a morte, a condenação, mas se eu
tenho fé, creio que Cristo morreu por mim, devo entender também que tenho todas
as coisas depois da cruz, porque aquele Homem não ficou lá na cruz, o Senhor
Jesus ressuscitou dentre os mortos. Então temos o outro lado que é o dom
gratuito de Deus, a vida eterna.
No Velho Testamento encontramos
homens de fé, no livro de Juízes há uma pessoa citada no Novo Testamento como
um homem de fé, Gideão, que havia sido eleito por Deus para libertar o seu
povo. Em Juízes 6:36 lemos: "E disse Gideão a Deus: Se hás de livrar
Israel por minha mão, como tens dito, eis que eu porei um velo de lã na eira;
se o orvalho estiver somente no velo, e secura sobre toda a terra, então,
conhecerei que hás de livrar Israel por minha mão, como tens dito. E assim
sucedeu; porque, ao outro dia, se levantou de madrugada, e apertou o velo, e do
orvalho do velo espremeu uma taça cheia de água. E disse Gideão a Deus: Não se
acenda contra mim a tua ira, se ainda falar só esta vez; rogo-te que só esta
vez faça a prova com o velo; rogo-te que só no velo haja secura, e em toda a terra
haja o orvalho. E Deus assim o fez naquela noite, pois só no velo havia secura,
e sobre toda a terra havia orvalho." Ele estava pedindo a Deus uma
prova de que Deus livraria Israel por suas mãos. Na primeira vez ele pediu que
o orvalho caísse somente sobre o velo e em volta tudo estivesse seco, e assim
foi. Depois ele pediu o contrário, que somente o velo estivesse seco, e foi o
que aconteceu. Por que Deus respondeu a Gideão assim? Porque estava de acordo
com os pensamentos de Deus e isto nos fala de Cristo.
O Senhor Jesus é para nós a prova
de que Deus nos ama. Quando esse Homem veio aqui Ele veio a uma terra seca,
Deus não podia abençoar o homem no seu estado natural, a Lei Mosaica foi prova
disto, porque Deus deu bênçãos para o homem com base naquilo que ele pudesse
fazer; se ele cumprisse a Lei ele seria abençoado, tão abençoado que nem morrer
iria, mas vemos que ninguém passou dos limites da existência natural do ciclo
de vida de uma pessoa. Por isto que dois judeus perguntaram a mesma coisa ao
Senhor, "o que tinham que fazer para ter a vida eterna". A vida
eterna que eles estavam mencionando não era a mesma vida eterna que nós temos
hoje como cristãos. Se cremos no Senhor Jesus temos ‘vida eterna’ em glória,
com Deus, conforme Paulo fala; já nas passagens dos evangelhos, a vida eterna
que eles indagavam significava vida aqui, ‘vida para sempre’. Quando o jovem
rico perguntou ao Senhor o que tinha que fazer para ter a vida eterna o Senhor
respondeu-lhe: "Sabes os mandamentos: Não adulterarás, não matarás, não
furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe", e
o jovem disse: "tudo isto eu tenho feito". Mas ele era um
pecador, ninguém conseguia cumprir a Lei. Não havia um meio de Deus derramar o
orvalho de bênção no homem no estado em que o homem se encontrava.
Quando o Senhor Jesus veio a este
mundo Ele foi o único homem que Deus podia abençoar, foi homem perfeito, em
todos os sentidos da palavra, e era aquele que, poderíamos dizer que se alguém
espremesse, Ele iria encher uma taça de água, poderia saciar a sua sede. Por
isto que todos que chegavam ao Senhor, ninguém saía de mãos vazias. Até o morto
quando foi apresentado ao Senhor, Ele o ressuscitou. Ninguém saía da presença
Dele de mãos vazias, a não ser por incredulidade. Por quê? Porque Ele era esse
velo que sendo espremido, enchia uma taça, havia bênção. O Senhor Jesus teve
que ir à cruz para tomar o nosso lugar, Ele se esvaziou, renunciou a todos os Seus
direitos para ir para a cruz morrer por mim e por você. Na cruz Ele falou:
"tenho sede", ele estava seco, um homem maltratado, judiado, dizendo:‘tenho
sede’. Esvaziou-se de tal forma para ser o nosso substituto diante de Deus em
juízo. Deus derramou sobre Ele o Seu juízo para que, ficando seco esse velo,
Deus pudesse abençoar a cada um de nós com o seu orvalho de favor, a bênção só
podia chegar para nós por meio de Cristo Jesus. Então vemos aqui Gideão num ato
até meio estranho, mas por incrível que nos pareça, estava em conformidade com
os pensamentos de Deus. Deus só pode abençoar com base num favor divino.
Devemos entender que tudo que
temos de Deus é por graça, não devemos pensar que podemos fazer alguma coisa. O
versículo que lemos em Efésios 2:8 diz: "Pela graça sois salvos e isto
não vem de vós, é dom de Deus". Às vezes nós reportamos isto somente
ao momento da crença para a salvação, entendemos que fomos salvos por graça,
mas Paulo está falando mais que isto, ele está falando que é sempre assim.
Muitos pensam que foram salvos pela graça, que é dom de Deus, não vem de obras para
que ninguém se glorie, e entendem que pela graça foram salvos, mas acham que
agora na vida cristã têm que fazer alguma coisa para manter a salvação. Errado.
Não é no princípio das obras, a graça de Deus é plena, vida eterna é algo que
recebemos pelos méritos de Cristo, temos tudo porque Cristo morreu por nós e
Ele está agora diante de Deus. Deus está derramando o seu orvalho sobre aqueles
que creem que Cristo passou pela secura na cruz para que Deus pudesse fazer
isto. Isso é graça.
Voltando
ao assunto da fé, devemos entender que ela está sempre em conformidade com os
pensamentos de Deus. Se você ainda não é salvo você deve entender que salvação
é por graça, é plena graça de Deus que já fez isto em Cristo e, se você já é
salvo, saiba que todas as coisas, a nossa vida, o nosso dia a dia, tudo é Deus
operando em graça. Por isto que João em sua primeira carta fala, 1 João 1:9:
"Se confessarmos os nossos pecados, ele (Deus) é fiel e justo
para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça." João fala
isto para crentes, então o crente é capaz de errar, de pecar, isto pode
acontecer, não deve ser uma prática, mas se acontecer o que ele vai fazer,
obras? Não! João recomenda confessar a Deus os pecados, e não fazer obras
para ter os pecados perdoados.
Nossos
pecados foram todos perdoados por Cristo Jesus e, uma vez tendo sido salvo, a
pessoa tem esse princípio: que o Senhor Jesus morreu por seus pecados, o juízo
que nós merecíamos foi feito em Cristo, aquele Homem foi lá e morreu em nosso
lugar, pagou a nossa dívida, é esta a base de fé. Que bênção que Jesus morreu
por nós! Estamos salvos e o mesmo princípio é válido para as nossas vidas
agora, não temos que fazer nenhuma obra. Agora temos um Deus com quem podemos falar, compartilhar com Ele o que temos, os pecados, as aflições, os
problemas, colocarmos tudo diante de Deus. É um privilégio que Cristo nos
deu, termos comunhão com o Pai, com o Filho e uns com os outros, partilharmos
todos da bênção, desse orvalho que Deus derramou sobre nós abundantemente por
Cristo Jesus.
Luís Campos (Lemão)
Editado.
Em áudio: